Irmãos de sangue

96ª São Silvestre terá “irmãos de sangue“ correndo juntos pela primeira vez

Há mais de quatro anos, Carlos Alberto Rezende, professor de cursinho em Campo Grande (MS), e Eduardo Andrade,  morador em Rio Azul (PR), têm uma relação mais do que especial.  Afinal, Eduardo, ou Dudu, de 28 anos, foi doador de medula óssea para Carlos, de 58, no dia 17 de novembro de 2016, tornando-se “irmãos do sangue”. Agora, ambos se preparam para um desafio inédito no fim do ano: participar juntos da 96ª Corrida Internacional de São Silvestre, marcada para o dia 31 de dezembro.

O passo inicial já foi dado, uma vez que participaram de Treinão Virtual, uma das novidades da edição deste ano e que tem como objetivo motivar os corredores a seguirem com a prática esportiva mesmo em tempos de pandemia, seguindo todos os protocolos de saúde necessários. O Treinão tem distâncias de 5km, 10km ou 15km e o percurso pode ser feito na esteira ou no local de preferência do atleta.

“Estamos firmes neste objetivo. Já fizemos um Treinão e faremos outros dois antes da prova presencial”, explica Carlos, que estreou na São Silvestre em 2017. “Foi um momento inesquecível de superação da minha vida”, celebra o agora atleta amador, que repetiu a dose em 2018.

Eduardo correrá pela primeira vez pelas ruas e avenidas paulistanas. “Vai ser a minha estreia em corridas de rua. Eu quero chegar junto com o Carlão, quero fazer bonito. Estou meio assustado, ainda assim acho que vou aguentar o desafio”, acredita.

A história de superação começou em 2015, quando Carlos foi diagnosticado com aplasia medular severa, doença que leva à falência a medula óssea, responsável pela produção das células do sangue. O tratamento com remédios não surtiu o efeito esperado, sendo necessário o transplante.  Neste momento surgiu outro desafio: achar um doador compatível. Sem nenhum membro da família fosse compatível e que pudesse realizar a doação, os médicos o incluíram no Redome (Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) na busca de uma compatibilidade, com uma probabilidade de  1 em 100 mil de sucesso.

Eduardo, que na época morava em Curitiba, um doador regular de sangue no Hospital das Clinicas da capital paranaense, resolveu se cadastrar como doador voluntário de medula óssea. Um dia recebeu telefonema sobre uma possível compatibilidade em Jaú, no interior de São Paulo. Depois do exames, a compatibilidade de 100% foi confirmada. Dessa forma, o transplante foi realizado  em 2016 com sucesso, unindo para sempre os dois.

“Nos conhecemos em novembro de 2019. O sangue que circula no meu corpo e, me garante a vida, é produzido pela medula óssea que ele me presenteou. Gratidão meu irmão. Eu te amo Dudu! Hoje eu não consigo mais imaginar a minha vida sem ele, eu amo o Dudu, o nosso tratamento é de irmão. Somos os verdadeiros irmãos de sangue”, afirma o professor Carlos.

E ele ainda recomenda: ”Seja o Dudu na vida de alguém! Seja um doador de medula óssea. “Eu luto todos os dias para que as pessoas encontrem o seu Dudu, que um Eduardo apareça na vida das pessoas e possibilite essa sobrevida de qualidade que eu estou podendo ter”, finaliza.

As inscrições para o Treinão e a prova presencial continuam abertas para ambas e podem ser feitas no site oficial: www.saosilvestre.com.br.

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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