*Ressignificando a Corrida*

Giovana Pinheiro

Dia 04 de janeiro de 2016 marcou o meu primeiro treino de corrida, de verdade.

Aquele lá, que eu quase desmaiei, que eu não sabia nada sobre tênis, relógio, pace ou alimentação pré-treino. Foi a São Silvestre que me apresentou meu treinador Wanderlei Oliveira e foi a mesma prova que me proporcionou o reencontro no final de 2022.

No meu primeiro ciclo na corrida, vivi coisas fantásticas, corri uma meia maratona com quatro meses de treino, acumulei quilômetros e acabei vendo a rotina jornalística me engolir. Em 2017, acumulei três empregos simultâneos e o pilar alimentação e descanso não funcionava. Logo, tudo começou a não fazer sentido.

Vou fazer uma pausa, mas era pra ser pequena, tá?

E lá se foram seis anos. Só não vou dizer que me arrependo (desculpa, WO), porque também entendo o quanto esses anos me moldaram como profissional e o quanto o gás colocado foi importante para chegar nesse reencontro.

Pois bem, 02 de janeiro de 2023. Pós pandemia, perto dos trinta anos… Já não sou a mesma de antes em muitos aspectos (quase todos), mas sigo a ansiedade em pessoa por novos desafios. Agora, conheço muito melhor o mundo da corrida, me conheço mais, entendo mais os parâmetros também.

Consegui bater muitas metas e fiz muitos planos que não consegui cumprir no último ano também, mas, o principal, aprendi a ressignificar a corrida. Entendi que a constância é muito mais importante que abandonar tudo quando algo sai do planejado. Eu não tenho rotina, não adianta querer brigar com algo que não tenho como mudar.

Adaptar.

Adaptar metas factíveis, entender que velocidade nem sempre é qualidade, sem pressa, seguir a planilha determinada. Mais que tudo isso: curtir o processo, o treino, a dor e o sentimento da linha de chegada.

Quero ser mais rápida? Claro que sim, mas também aprendi nas histórias do caminho que a saúde é o mais importante. Eu nunca fui boa em outros esportes, porque tornar a corrida um local de cobrança? Não é terapia, mas é terapêutico.

A corrida me levou a lugares novos. A corrida me apresentou pessoas. A corrida trouxe muita vontade de viver e desbravar o mundo.

Eu escrevo isso dia 02 de janeiro de 2024, ciente que o ano olímpico é sempre um ano mais puxado, mas ciente do meu compromisso em usar a corrida como uma válvula de escape. Fecho esse texto com as palavras do meu antigo texto lá da Giovana do passado…

“A corrida chegou na hora certa. Me ensinou a esvaziar a mente. A corrida foi um refúgio pra minha ansiedade. Ela me ensinou que você tem total controle sobre seu corpo, mas o mais importante é o controle sobre a sua mente.
A corrida foi minha válvula de escape em um tempo de loucura. Logicamente ela não veio sozinha! Se engana quem pensa que corrida é esporte individual, sem o grupo não sou. Um empurra o outro. Um motiva o outro. Existe algo mais mútuo?

Que venham mais quilômetros! Quem ainda não corre: vem! Quem já corre: vamos correr!”

Espero te encontrar nesse ano nos treinos e provas por aí.

Giovana Pinheiro, jornalista, Instagram e Twitter @giapinheiro

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

1 comentário

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  • Excelente o texto. Busco esse equilíbrio, principalmente por não ter controle sobre minha rotina, mas sempre em busca da constância, da saúde.

Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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