Desbravando a cidade

Paula Narvaez Teixeira

Pra quem estava acostumado a correr no parque e conhecia cada detalhe, cada curva e cada buraquinho do percurso, correr na rua será um grande desafio (prefiro chamar de aventura!). 
Sempre me senti muito à vontade na rua, pois destravar lugares é algo que faz parte da minha vida na corrida desde sempre. Mesmo em viagens ou bairros longe de onde moro, conhecer as cidades correndo é algo que gosto muito de fazer. 

Antes desses meses em casa, os treinos de tiro/qualidade costumava fazer no Parque do Povo, pela comodidade de não precisar pensar ou ficar prestando atenção em cada passada mas as rodagens sempre fiz pelas ruas. Existem muitas diferenças entre os dois ambientes, claro, mas a principal delas é que correr na rua exige total atenção e uma “viajada” pode ser fatal. 

Quantas vezes você já não se pegou viajando enquanto corria? Pois é, pra desbravar a cidade a gente não pode bobear sequer por um minuto por isso evito todo tipo de distração, como fones de ouvido ou celular na mão (levo uma cópia do RG no top). 

Conhecer o lugar pelo qual você vai passar também é importante. A ferramenta “Minhas Rotas” do Strava tem me ajudado muito, lá eu desenho os percursos de acordo com o mapa de calor que mostra onde tem mais e menos fluxo de pessoas e se não conheço o trajeto tento dar uma volta de carro antes. 

Já tenho quase 10 rotas salvas e acho que estou ficando viciada em desenhar nos mapas do meu bairro. Por enquanto, neste retorno pós isolamento, corro no máximo para além de 4 ou 5km de onde eu moro pois acredito ser mais seguro. Além disso, obrigatoriamente uso máscara. 

Correr na rua é aprender a ficar confortável em sua hostilidade. Tem barulho, tem caos, tem que olhar para os lados ao atravessar, tem que prestar atenção a cada passo e em cada pessoa que encontramos, pra evitar surpresas desagradáveis. Tem motorista que para, tem motorista que acelera…Poderia fazer uma lista enorme de adversidades, mas nenhuma delas é grande o suficiente para nos impedir de ocupar nossa cidade fazendo o que mais amamos. 

Sei que não estamos no melhor momento e espero que em breve nossos parques voltem a ser lugares seguros, mas por enquanto a melhor alternativa é entender sua realidade e se permitir tentar algo desconfortável, porém novo e possivelmente cheio de boas surpresas! 

Paula Narvaez Teixeira, 36 anos, @correpaula maratonista, mãe da Malu e do Nicolas.

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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