Desde que conheci meu marido, em 1992, o Vanderlei Moreira Prates, vulgo “Tititi “ , carinhosamente apelidado pelos amigos corredores, minha vida mudou muito. Sempre digo que há pessoas que nos fazem melhores do que somos. Essas pessoas nos ensinam, nos encorajam e agregam muito.
Neste período, eu era uma pessoa bastante ansiosa e imediatista. Não preciso dizer que só focava no alvo e nem percebia o percurso. Aos poucos, fui sendo convidada ao mundo que meu marido fazia parte: o surpreendente universo do esporte, neste caso, dos corredores.
O tempo passou e acabamos saindo de São Paulo e voltamos para Florianópolis, minha terra natal. Desde então, faz mais de 20 anos que pratico a corrida inspirada pelo meu marido que também contagiou os filhos – apesar de saber que nenhum deles tem a coragem de correr uma maratona, ficamos muito felizes vendo que, de algum modo, a prática esportiva virou um hábito.
Atuo com desenvolvimento humano, há mais de 25 anos e o que tenho observado ao longo desse tempo, especialmente em meus clientes, alunos e nas pessoas em geral, é uma busca irracional pela felicidade.
Muitas delas, se parecem comigo na década de 1990. A maioria não consegue enxergar que a felicidade não está no ter, mas no ser. Que ser feliz é um estado de espírito e não um cargo ou uma posição. Desapegar de quem éramos, de nossos objetos, de coisas.
Um dos maiores ensinamentos que já tive sobre felicidade veio das lições diárias do meu marido corredor.
Onde, desde sempre, tem ensinado a vivermos a jornada. Todos os dias são um presente. Isso tem me inspirado muito e me ajudado a ser feliz todos os dias.
Um exemplo disso, está no hábito que desenvolvemos, agora, durante a pandemia, com as restrições de isolamento, ao trocar as corridas matinais de rua pelas corridas de quintal.
Isso mesmo, corridas de quintal literalmente. São algumas dezenas de voltas ao redor de nossa casa, numa circunferência de 91 metros que temos o prazer de fazer todos os dias numa pista improvisada por chão batido e folhas secas para demarcar, feitas pelo Tititi. Mesmo num trajeto tão curto, é possível saborear a cada volta, uma brisa diferente ou se vislumbrar com as árvores, plantas e pássaros que sempre estão presentes.
Tem pessoas que passam uma vida inteira procurando a felicidade quando ela pode ser vivenciada no aqui e agora da jornada.
- Adriana Prates, 50 anos, Mental Coach & Trainer, Especialista em Neurociência, Master em PNL, Instagram: @adriana.prattes, site: www.adrianaprates.com.br
Tudo começou no final dos anos 1970, aos meus 18 anos de idade, onde comecei a correr para liberar o stress do cursinho de vestibular e esse era apenas o início.
Nos anos 1980, já na faculdade, o professor de educação da disciplina me liberava da aula só para eu ir treinar. Ainda nos anos 1980 aconteceu o Circuito Bradesco, organizado pela Corpore com provas mensais de 10 km por cidades do interior de São Paulo, onde participei de muitas provas destas, além de várias provas de 5 km, 10 km, meia maratona e inclusive algumas Corrida Internacional de São Silvestre.
Mas foram nos anos 1990, quando eu já estava na faixa dos trinta e poucos anos, onde os meus resultados foram mais expressivos, tanto no esporte como na vida pessoal onde conheci minha atual esposa Adriana e a inseri no universo da corrida também. Lembro de ficar muito contente quando tirei 1º lugar na prova de 6 km dentro do Esporte Clube Pinheiros e ainda mais satisfeito quando atingi a minha melhor marca na pista de atletismo do Estádio Ícaro de Castro Mello no Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibiraquera, em uma prova de 10.000 metros com 33 minutos e 17 segundos.
Existe um episódio dessa época que lembro como se fosse hoje: estávamos nos aquecendo para mais um treino técnico na pista de atletismo do Estádio Ícaro de Castro Mello. Ao terminar o professor disse: “vocês estão bem aquecidos?” Respondemos que sim, como sempre. Ele então anunciou: “quero os 5 tiros de mil metros todos abaixo de 3 minutos”. Concluímos que correr acima disso, não era uma opção!
Algum tempo depois, seguimos evoluindo e participei de minha primeira maratona em Blumenau. Depois competi em mais outra em São Paulo. Outras ainda, em Nova York, ambas organizadas, na época, pelo diretor do Pão de Açúcar Club, Wanderlei de Oliveira.
As provas em Nova York aconteceram em 1996 e 1998, e acreditem, uma delas fiz o tempo de 03:00:00!
Uma pena nessa época ainda não existir o chip para comprovar. As boas notícias não paravam por aí, em uma das provas de Nova York, nós orgulhosamente, fomos a segunda empresa na colocação geral pelo Pão de Açúcar, logo atrás da Nike. A noite, ainda em Nova York após a maratona, estávamos todos reunidos em um jantar coletivo para confraternizar e comemorar, quando fomos surpreendidos com a performance vocal do nosso querido Edgard Freire (falecido este ano) interpretando como ninguém a música “mulheres” de Martinho da Vila.
Desde que me conheço por corredor, tendo sido treinado e estimulado pelo Wanderlei de Oliveira. De 1999 até o momento, resido e treino em Florianópolis, onde me mantenho seguindo firme com a metodologia do professor WO.
Sou muito grato por seus ensinamentos e nunca imaginei tudo que poderia acontecer a partir do momento que nos conhecemos.
P.s. Conheci o professor aos 14 anos, sambando no quintal da casa do meu primo Edison Urbano em São Paulo. Mas esta, é uma outra história!
- Vanderlei Moreira Prates, 61 anos, maratonista e consultor esportivo, instagram @vanderleitrilhas
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