São inúmeros os benefícios da corrida
Na infância e na adolescência a corrida é muito construtiva, proporciona um aprendizado para o corpo que é definitivo. Como aprendizado, refiro-me à habilidade, desenvoltura, consciência corporal, aptidão para as atividades da vida. Na vida adulta a corrida é útil para manutenção da condição física adquirida na juventude e também pode ser construtiva para os indivíduos que não o fizeram na juventude.
Na minha prática de medicina do esporte tenho feito tudo que é possível para manter meus pacientes correndo.
Apesar de ser muito benéfica há situações em que a corrida pode causar lesões. De modo geral é senso comum que a corrida é algo natural e não haveria motivos para temores ao se iniciar a prática na vida adulta mas, nem sempre é assim, frequentemente vemos pessoas que começam a correr e logo apresentam uma lesão perturbadora. Os motivos que levam à lesão geralmente são relacionados com situações desfavoráveis pré existentes, que vêm à tona quando se submete o corpo a uma pequena sobrecarga, própria do condicionamento. Um exemplo seria, uma osteopenia (desmineralização e enfraquecimento dos ossos) desconhecida, numa mulher de 40 anos que apresenta uma fratura de stress após poucas semanas de treino, coisa que poderia ser evitada por um exame prévio, tratamento e planejamento customizado.
Biomecânica do movimento
Outra situação frequente relaciona-se à biomecânica do movimento ao gesto da corrida que pode ser traumático, exageradamente impactante e nesse caso há a necessidade de um aprendizado, algo como aprender uma coreografia. Além dessas duas primeiras condições, é comum haver incompetência de grupos musculares que impedem a execução do gesto adequado. O interessante é que podemos avaliar esses fatores, medir esses riscos e o melhor de tudo, podemos prevenir as lesões. A consulta médica inicial deve incluir uma avaliação funcional onde se verifica a aptidão física para o propósito da corrida. Analisamos, na esteira, o gesto da passada, o contato do pé no piso, o movimento da pelve, do tronco, dos braços, da cabeça. Calculamos risco de lesão, orientamos os ajustes necessários para músculos incompetentes, educativos para um gesto menos agressivo, aqui aproveito para esclarecer que o gesto menos traumático ou menos impactante é também mais performático, ou seja, o mesmo trabalho que previne lesões, melhora a performance.
A prática da corrida deve, sempre, ser orientada por profissionais habilitados e antes do início é fundamental uma avaliação médica e biomecânica. A corrida, quando orientada por educadores físicos conscientes é sempre construtiva.
Antonio Masseo de Castro
Sou formado na Escola Paulista de Medicina onde fiz minha carreira e trabalho até hoje, me especializei em Ortopedia e dentro da ortopedia me especializei em cirurgia do joelho, além disso tenho outra especialização em medicina do esporte. Comecei a trabalhar em medicina esportiva em 1985 no Esporte Clube Pinheiros e nessa época não tínhamos nenhum curso de especialização e meu aprendizado foi auto didático. Em 1992, sob liderança do professor Turibio de Barros, iniciamos um curso no CEMAFE onde comecei como professor coordenador do módulo de ortopedia e traumatologia no esporte. Depois do Clube Pinheiros trabalhei nos times de voleibol da Transbrasil e Sadia e seleção brasileira de voleibol feminino, no inicio dos anos 1990 passei a trabalhar com corrida. Em 1995 fomos para a maratona de Nova York com o Wanderlei de Oliveira e o Pão de Açúcar Club. Sai do voleibol no inicio dos anos 1990 e fui para o futebol no São Paulo Futebol Clube. Nos últimos anos trabalho na Escola paulista de Medicina, atendo na minha clínica particular e no Hospital Israelita Albert Einstein. Opero meus pacientes no Einstein, Oswaldo Cruz e Hospital São Luiz. Fui corredor de 100 metros e atualmente aos 65 anos, tenho corrido 5 km por dia (www.antoniomasseo.com.br) @drantoniomasseodecastro
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