Irmãs correm os 5K Tribuna em Santos

Minha irmã Sofia Pfeifer ia correr sua primeira prova de corrida de rua, nos 5 km A Tribuna, uma nova distância da tradicional prova de nossa cidade.

Eu e Fernando, minha dupla das provas da Tribuna desde que estreamos nelas em 2021, éramos bombardeados de dúvidas durante toda a estrada de São Paulo à Santos: tem alguma regra especial? Qual a estratégia? O que eu como antes? Como é a largada? O tanto de dúvidas refletia a insegurança de se fazer algo pela primeira vez, e o movediço território que é se arriscar em algo que não sabemos se iremos bem ou não – embora (e ainda mais quando!) a vontade seja grande. 

O reflexo da incerteza é sempre o controle: comer tudo certo, dormir cedo, ficar focada durante a semana, traçar a estratégia do tempo de cada km no relógio.

O maior presente da experiência é a tranquilidade de abrir mão do controle, e a paciência de ampliar o olhar para a relação com resultados.

Tínhamos pizza marcada na tradicional pizzaria Van Gogh, onde encontraríamos meu técnico, Wanderlei Oliveira, e colegas de treino: Milton Pagano “Magrão”, que lesionara na semana e já tinha entregado a toalha com um chopp escuro, Juliana Ogata, recém voltada da maratona de NY, e meu pai Alberto Pfeifer, também parte da turma. Minha irmã, receava ir – queria dormir cedo e comer em casa – e tentei trazer o maior ensinamento que até agora aprendi: a corrida está longe de ser centrada em uma única prova, e a gente tem muito menos controle do que acha. Clichê, mas talvez o mais importante seja se divertir.

Se divertindo, saindo da pressão e autocobranças, a gente vai mais rápido.

E a gente se diverte muito mais quando tem companhias para compartilhar as ansiedades, as dificuldades, os fracassos e as vitórias. Porque todos estes pontos vem, invariavelmente. Mas quando você muda a chavinha de ser “uma”, para ser parte de um todo, adentra a lógica dos ecossistemas, que sempre tendem ao equilíbrio: os fracassos se equilibram com as vitórias, o medo com a tranquilidade, e a exaustão com a energia do outro. 

Dessa vez, nosso pré prova foi um dia atípico: fomos a dois churrascos, pegamos os kits faltando 30 minutos para fechar e depois pizza.

Fernando Pinto conquistou o primeiro lugar do pelotão geral e fez sua melhor marca da vida, com 16:15. O que me disse ao final, enquanto desaqueciamos: “é, o que aprendi hoje é que ficar se preocupando não leva a nada. Tivemos um dia em que fiquei pra la e pra ca, zero pernas pro alto, não considerava que estava no meu auge nos treinos, e encaixou”. O mesmo, dessa vez, não foi verdade pra mim, mas fora em outra prova algumas semanas antes, e ver o resultado dele e da minha irmã me deixou muito feliz. 

Eu e minha irmã conquistamos os primeiros lugares de nossas categorias etárias, com o 4o ((20´56) e 9o lugar (21’48) gerais, respectivamente. Magrão, Ju e meu pai tiveram um bom treino na praia. E o Wanderlei, bem, mais uma prova completa ampliando seus inigualáveis resultados de consistência, e acho que deve dar um baita orgulho de ver, cada vez mais, a expansão do seu ecossistema da corrida – sempre em movimento! 

Flora Pfeifer, 26 anos, economista, mestre e head na @litisaude (Instagram @florafinamor)

Sofia Pfeifer, 24 anos, engenheira química (Instagram @sofinamore)

Fernando Pinto, 33 anos, cursando agroecologia na USP (Intagram @fernandojbp)