A importância do VO2 máximo como indicador de saúde e aptidão física
Muito se fala a respeito do VO2 máximo, mas poucos sabem o real valor desta importante referência fisiológica para a performance dos atletas.
No ano de 1770, na França, iniciaram os primeiros estudos sobre a respiração das células humanas. Dentre os principais pesquisadores da época, Antonie Lavoisier, considerado o “pai” da química, demonstrou que o oxigênio era a substância contida no ar responsável pela combustão e, desta forma, estabeleceu o alicerce para a compreensão atual do metabolismo energético humano.
Nos séculos posteriores, mais precisamente em 1910, Marie e August Krogh descobriram que o mecanismo responsável pelas trocas gasosas pulmonares era realizado através do processo de difusão e não pela secreção, conforme se acreditava.
Todos esses achados serviram de suporte para as pesquisas relacionadas ao desempenho físico e para o clássico trabalho de 1923, escrito por Hill e Lupton, ganhadores do prêmio Nobel. Esses autores observaram que o consumo de oxigênio (VO2) aumentava de forma proporcional ao aumento da velocidade de corrida.
Entretanto, em intensidades próximas ao esforço máximo o VO2 tendia a apresentar uma estabilização ou “platô”, mesmo após o aumento da velocidade de corrida, surgindo assim, uma das variáveis fisiológicas mais utilizadas como discriminantes do desempenho esportivo, o VO2max, afirma o pesquisador e professor de educação física Adriano Eduardo Lima Silva.
Para o professor doutor Renato Fraga Moreira Lotufo ex-pesquisador da Universidade Federal de São Paulo, foi a partir da década de cinqüenta do século XX, Per-Orlof Astrand, um dos mais renomados cientistas do cenário mundial, descreveu a importância do VO2max como indicador de saúde e aptidão física.
Em geral, pessoas engajadas em exercício com predominância aeróbia (correr, pedalar, nadar) apresentam maior VO2max do que pessoas destreinadas. Por este motivo, um dos pré-requisitos para ter sucesso em provas de longa duração (corridas de meio-fundo, fundo, maratona, ciclismo de rua) é apresentar um VO2max elevado.
Entretanto, pesquisas recentes indicam que outras variáveis fisiológicas aparentam estar mais relacionadas à performance em provas de endurance, levando-nos a conclusão de que o VO2max parece ser apenas uma condição mínima para o desempenho atlético.
Inicialmente, o VO2max era medido através de uma “bolsa” ou “balão” de ar, denominado Bolsa de Douglas, em homenagem ao cientista que popularizou seu uso. Basicamente, este método funciona com a pessoa avaliada expirando parte do ar exalado dentro da Bolsa de Douglas e, em seguida, um analisador de oxigênio e dióxido de carbono determina a composição desse ar.
Atualmente, técnicas mais sofisticadas e computadorizadas são utilizadas nos grandes laboratórios de fisiologia do exercício, permitindo a análise do ar durante cada respiração do avaliado ou atleta, comentou Lotufo, que acompanhou a equipe brasileira nos Campeonatos Mundiais de 100 quilômetros em 1996, em Moscou, na Russia e 1997, na Holanda.
Para concluir este breve relato da história do VO2max, podemos enfatizar que esta variável foi uma das grandes descobertas da ciência do esporte, porém, muito ainda precisa ser conhecido sobre seus fatores limitantes e sua aplicação no treinamento.
Em geral, a maior parte da população brasileira não tem acesso a medida direta do consumo máximo de oxigênio, recorrendo inevitavelmente, para métodos indiretos menos preciso para sua estimativa.
Para o médico e triatleta Paulo Puccinelli, pesquisador e fisiologista da Universidade Federal de São Paulo, que acompanhou o teste da corredora Amanda Brambilla, comentou que é fundamental saber onde está para conseguir chegar onde deseja.
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