Sorria

ASICS GOLDEN RUN SP – Caio Cipolatti (@nutri.caiocipolatti)

São Paulo, 31 de julho de 2022. 05:30 da manhã.

Faz muito frio. Dezenas de milhares de corredores de rua alinham-se para a largada dos 21 e 42km da SP City Marathon na frente do Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.

Aqui vou eu, na minha primeira tentativa de conquistar a meia maratona que, para alguém que havia começado a correr 6 meses antes, parecia infinita. Largou. Km 1: 6’15. Ufa, tudo certo. Vamos com calma e colocar em prática tudo que planejei. Km 5: 29:44. Ritmo conservativo, mas o objetivo é concluir. Km 8: gel seguido de hidratação, passando por cima do Vale do Anhangabaú. Assim foi até o final. Nada fora do planejado.

A meta, fazer abaixo de duas horas, foi estabelecida por vozes da minha cabeça.

Iniciante, não calculei os 0,097km além dos 21, e pensando nisso no final, tento correr atrás do prejuízo. Dito e não feito. Tempo oficial de 2:01:02. Sentimento no final? Orgulho e gratidão, afinal de contas tinha acabado de correr uma meia maratona. Mas claro, aquele gostinho de que poderia ter ido melhor. Nesse dia decidi que queria fazer tempos melhores, me dedicar e levar este esporte mais a sério.

19/05/2023.

292 dias e 2010 quilômetros entre treinos e provas depois, cá estou escrevendo este texto.

Às vésperas da minha segunda meia maratona, Asics Golden Run 2023. Ansiedade a milhão, e até por isso redigindo isso. “Mas Caio, a prova ainda não foi…” Exatamente. Quando um desafio é assustador, falar ele em voz alta (ou escrever) o torna mais real. Como sempre, meu treinador coloca bastante expectativa na minha performance e cabe a mim corresponder. Vou conseguir cortar 30 minutos do meu último tempo. Vou fazer meu sub 1h30.

Como nutricionista, já alinhei toda minha alimentação e suplementação pré e intra prova. Já sei exatamente onde tomar cada um dos géis. Já olhei o mapa do evento 387 vezes e sei onde é cada posto de hidratação de cor. A parte mais difícil já foi, todo o treino, toda a organização. Agora é executar tudo.

22/05/2023.

Já se passaram 24 horas da conclusão da prova. Acordamos cedo (dessa vez tive a companhia da minha mãe, que completou sua primeira meia maratona desde 2004.), fomos até a arena localizada no Parque do Povo, nos encontramos com o pessoal e já começamos o aquecimento. Após o posicionamento na largada, fomos mais uma vez rumo ao semi-desconhecido. Apesar de todos os treinos longos, incluindo 6 de 20km no ciclo, ainda era uma distância desafiadora. Km 1: 4’08. Km2: 4’01… 5km passou beirando os 20 minutos, os 10km na casa dos 41… Deixei o corpo me levar. Estava me sentindo bem, mas sabia que estava mais rápido que o programado. Confiante, achei que ia tirar de letra, mas fui cobrado. A partir do km 16, as parciais começaram a aumentar. Sentimento de que talvez tivesse jogado tudo fora por sair rápido começou a crescer na minha cabeça. Daniel, um homem que incentivei no km 9/10, reapareceu do meu lado e retribuiu o incentivo. Ambos estávamos cansados, mas seguimos nossas corridas. É difícil olhar para o relógio, ver o tempo passar e não poder fazer nada. Aliás, nada não. Havia uma coisa. Escrevi na mão ao lado do relógio “smile”, para lembrar de sorrir durante a prova. Sorri e aproveitei, mesmo que sofrendo, os últimos quilômetros.

O resultado?

1:30:03. 31 minutos abaixo do tempo anteriormente conquistado.

Não foi exatamente o tempo da planilha, nem mesmo o sub 1:30. Foi difícil, foi sofrido. Sentimento no final? Orgulho e gratidão, afinal de contas tinha acabado de correr mais uma meia maratona. Mas claro, aquele gostinho de que poderia ter ido melhor. Se tivesse feito x ou y diferente… Ainda sou um iniciante no esporte, mas acredito que cada prova será um aprendizado diferente. As boas, as ruins, as médias… de qualquer forma, todas nos engrandecem como corredores e como seres humanos. Como diria o treinador Wanderlei, viva o esporte!

Caio Cipolatti, 25, nutricionista (Instagram @nutri.caiocipolatti)

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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