Na década de 1950 que surgiu a ideia de empregar mulheres em missões policiais no pais, ao observar vários países da Europa e EUA. E, foi Jânio Quadros, então Governador de São Paulo, que instituiu o “Corpo de Policiamento Especial Feminino”, por meio do Decreto Estadual n° 24.548, de 12 de maio de 1955, criando a primeira Polícia Feminina do Brasil, pioneira também na América Latina, com as missões de cuidar e proteger mulheres, crianças e idosos, necessidades sociais da época.
A Dra. Hilda Macedo, precursora da Polícia Feminina no estado de São Paulo, foi a primeira comandante desse Corpo Policial, pois já nos idos de 1953 apresentara trabalho científico a respeito.
Dentre as 50 candidatas que se apresentaram à novidade, 12 foram selecionadas para a Escola de Polícia, para um curso intensivo de 180 dias. As 12 mulheres escolhidas e sua comandante, Hilda Macedo, foram chamadas “as 13 mais corajosas de 1955“.
Nesses 68 anos de existência, muita coisa mudou, superou-se preconceitos, paradigmas foram quebrados e a evolução social possibilitou ao efetivo feminino trabalhar em todas as áreas de atuação dentro da PMESP, não havendo mais diferenciação por gênero ou atividade-policial, sendo todas e todos, igualmente tratados por policias militares.
O efetivo feminino cresceu tanto quanto sua importância e abrangência, atingindo nos dias de hoje cerca de 15% dos cem mil policiais-militares do estado de são Paulo.
Minha história, na Polícia Feminina de SP, começou em 08/04/1985, ao ingressar na escola de formação de soldados, após ser aprovada em concurso público, juntamente a outras 68 mulheres.
Dentre as não sei mais quantas aulas, práticas e teóricas, sempre a educação física prevalecia, era nos horários normais, previstos da matéria, ou para cobrir alguma aula, quando o professor não comparecia. Então, desde o início, a prática da atividade física fez parte da minha rotina profissional.
Em todos os cursos da Polícia Militar, há a matéria de Educação Física, pois o condicionamento físico é parte preponderante na formação policial-militar. Inclusive, a Escola de Educação Física da Polícia Militar, na qual tive o prazer de me formar Educadora Física, é a pioneira no Brasil.
Nos meus 30 anos de serviço policial-militar, tive a oportunidade de trabalhar nesta área, o que fortaleceu ainda mais minha apreciação, em especial pela corrida. Lembrando que a prova Pedestre “Sargento Gonzaguinha” é realizada pela Polícia Militar há 56 anos. Então, corrida de rua tornou-se o caminho para eu manter minha forma física. Elevar minha qualidade de vida e o meu restabelecimento emocional.
Iniciei em provas de 4 km, difíceis, à época, visto que manter o ritmo e a respiração, ao mesmo tempo, tornavam a distância ainda maior. Mas, aos poucos, as barreiras psicológicas e físicas foram sendo vencidas e fui me aventurando aos 5 e 10 km.
Passados alguns anos, a necessidade de aprimoramento surgiu, quando conheci o técnico Wanderlei de Oliveira, em 2009, que gentilmente se propôs a treinar uma equipe de policiais femininas para a São Silvestre com seus 15 km e subida da Brigadeiro. Foram 4 meses de preparação no Parque do Ibirapuera, sempre a noite, após o expediente de cada uma das 5 policias que se propuseram a realizar o projeto traçado por WO.
Algumas experiências vividas não se consegue explicar, só passando por elas, e concluir a São Silvestre é uma delas….cansaço, suor, bolhas nos pés, câimbras, dores, nada foi suficiente para tirar o sorriso para a foto ao cruzar a linha de chegada na Avenida Paulista. Indescritível.
E mantidos os treinos com o WO, debutei em Meia Maratona (21 km), no Rio de Janeiro no ano seguinte; distância que desfrutei outras vezes, em Foz de Iguaçu, Distrito Federal-BR, Lisboa, Portugal; Santiago, Chile; Buenos Aires, Argentina, correndo e conhecendo o mundo e gente de bem com a vida. Atualmente, mesmo aposentada, na reserva como dizemos na Polícia Militar, continuo com meu esporte favorito, a corrida!
Major PM Maria Aparecida de Morais, 58 anos. Instagram @cidoca.morais
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