De tenista a maratonista

Maratona de Porto Alegre – Henrique Fornari

Levou tempo. Me dediquei ao tênis como não me dediquei a nenhum outro esporte. Foram anos de treino e competições por todo o estado de São Paulo e alguns lugares pelo Brasil e pelo mundo.

Desde os 9 até os 17 anos de idade. Mas o tênis ficou e a corrida veio como surpresa, muito mais tarde. Foi em 2015 final de ano nas corridas de lazer com amigos. Surgiu a idéia de correr 10 km e depois uma meia maratona. Os treinos começaram em 2016 já em janeiro com a ajuda de aplicativos de celular. Corri 10 km em 54 minutos em fevereiro. Em julho a primeira meia maratona para 1 hora e 33 minutos.

Comecei a gostar. Correr. Conhecer pessoas e fazer amigos.

E numa dessas fui convidado pela Paula Narvaez Teixeira para assistir sua palestra sobre a preparação que havia feito para a Maratona da Asics em São Paulo / 2016, junto com seu treinador Wanderlei Oliveira. Já era fã dela pois a conhecia e li o texto sobre a prova que ela havia escrito no blog ( https://paulanrvz.com/ ), texto esse que foi o gatilho para me fazer sonhar em correr uma maratona. Virei mais fã e ainda conheci o Mestre WO, apresentado por ela. Depois de alguns meses e algumas corridas em grupo criei coragem e enviei um e-mail ao WO, pois precisava de alguém para me treinar. Para minha surpresa e muita felicidade, ele aceitou dizendo: “Conte comigo”! Para mim era surreal pois além de admirar e ser fã, mesmo que ainda sabendo de muitas coisas deles através das redes sociais, estava para iniciar com O Treinador!!!! Em dezembro de 2016 iniciei o período de Base (nem sabia o que era), aliás não sabia nada. Foram treinos incríveis! Passei a ser treinado pelo WO com o privilégio de treinar em pista e ao lado dele, pois sempre treina com o grupo. E que grupo! Com o privilégio de treinar ao lado da Ana Luiza dos Anjos Garcez, a Ana Animal e mais vários outros excelentes corredores.

Um novo mundo se abrindo neste esporte, muita motivação e vontade e como não poderia deixar de ser já mirando a maratona em 2017.

Mas logo no primeiro treino fui instruído a não fazer a prova no mesmo ano, pois como era novato na corrida deveria ganhar mais “rodagem” e experiência em provas. E ai pensei: “Caramba, só daqui 1 ano e meio (A meta era Porto Alegre 2018)” ? Mas quem era eu para discordar do Mestre? E assim foi durante todo ano. Muito treino e algumas competições onde fui me descobrindo e encaixando bons tempos. 17:36 nos 5 km, 37:36 nos 10 km, 1h23:05 nos 21 km, revezamentos, enfim….até que em outubro descobri que seria pai e mais uma vez a data teria de ser prorrogada pois o nascimento poderia coincidir com o período da prova e eu não queria isso. 2018 chegou, houve mudança de São Paulo para o Rio de Janeiro, stand by nos treinos, nascimento do Pedro e retorno aos treinos. Houve também muita dificuldade em treinar agora sozinho, apenas com o direcionamento passado pelo WO através das planilhas e com um bebê para cuidar nas madrugadas, coisa que dificultava muito minha preparação. Mas tudo deu certo com muita força de vontade, almejando sempre a prova com muito foco. Chegou 2019. Chegou o ciclo e não foi fácil. Nunca é fácil ! Mas tudo realizado com muita disciplina até chegar o grande dia. Estava lá cedinho, clima frio, mas bom. Larguei para a tão sonhada prova com meta ousada e fui. Passei bem as parciais até os 21 km e me sentia muito confiante. Passei os 25 km, passei os 29 km e logo fui surpreendido: cãibras. Corrigi o movimento daqui, dalí mas elas me castigavam. Ajustei um pouco melhor o ritmo para poder prosseguir. As dores vieram a fraqueza nunca. Os amigos cruzei, mas não desisti. As cãibras voltavam e sempre nessa briga, fui prosseguindo. Faltando 1.5 km para acabar a prova, já muita gente incentivando, minhas lágrimas vieram e a certeza de que alí sabia o quão forte tinha sido para não abandonar antes, coisa que em nenhum momento passou pela minha cabeça. Passou um filme. Dos treinos, das dores, dos dias frios, dos muito quentes (quem corre e treina no Rio sabe) e de todo sacrifício que se transformava naquele momento em imenso prazer.

Nascia alí mais um maratonista ! Henrique Fornari, 38 anos, gaúcho que mora no Rio de Janeiro.

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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