Bento e a Monja Coen

Todo primeiro final de semana de janeiro, Wanderlei Oliveira levava seus alunos a subir uma montanha. Era costume – não me lembro de qual cultura- fazer esta prática para ter prosperidade e força o ano inteiro.

Era 2008, Bento tinha 8 anos e quis nos acompanhar. Tínhamos uma convidada ilustre, a Monja Coen.

Por isso, nos dias que antecederam a caminhada, Wanderlei pedia modos aos alunos. Nada de falar bobagem, conversas paralelas e que deveríamos subir em meditação com a Monja. Reproduzi o discurso e as instruções mil vezes ao Bento.

Começamos a subir e os grupos, de acordo com o preparo físico de cada um, foram se formando. Mais rápidos na frente e mais lentos atrás.

Ficamos com a Monja no último. Pouco mais de 500 metros de caminhada e o silêncio foi rompido pelo menino:

– Monja, por que você é careca?

Entrei em pânico, mas ela gargalhou e deu uma resposta comprida e generosa.

Ao final, Bento manda outra

– Monja, você sabia que existem sete Budas da Tailândia?

Ela respondeu com outra pergunta, que fez o menino falar em detalhes de cada um dos sete.

Quando terminou, a Monja pergunta:

– Bento, você sabe o que é exótico?

E ele de pronto, me olha e diz:

– Mamãe, é ela quem está falando…

A deliciosa e animada conversa entre os dois durou todo o percurso. No alto da Pedra Grande, Bento seguiu à risca as instruções de sua nova amiga: sentou-se em lótus, fechou os olhinhos e ficou imóvel.

Uma das cenas mais fofas que já vi. Porém, em uma dessas espiadelas, nossos olhares se cruzaram!

Pânico! Fizemos um esforço hercúleo para que não explodissem dois incontroláveis ataques de riso.

Que a espontaneidade, alegria e pureza das crianças estejam sempre vivas dentro da gente.

Te amo, Bento @bentomc! Você me arranca as melhores risadas.

Adriana Marmo (@amarmo)

Aprendiz de Cearense | Jornalista | Bicicleteira | Taróloga | Adoradora de Nuvens, Gatos e outras Brisas (www.ventonasaia.com)