Dia da Consciência Negra: a força dos atletas pretos presente no atletismo
O dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, líder no Brasil colonial, aponta para uma reflexão sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira; a história e a galeria de medalhistas olímpicos nacionais mostram o pioneirismo e a glória dos negros no esporte
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. A data aponta para uma reflexão sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira. As histórias de racismo são mais raras do que no passado, mas ainda estão presentes no cotidiano nacional, seja no ambiente esportivo ou fora dele, de forma velada ou explícita. Denúncias e inquéritos são o caminho da legislação que pune como crime a discriminação racial.
Mas antes de mais nada precisamos considerar a força dos negros do Brasil. E no atletismo, essa força é arraigada, histórica e ainda muito presente.
O Dia Nacional da Consciência Negra foi formalizado como data comemorativa pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011 – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Em 21 de dezembro de 2023, pela Lei 14.759/2023, a data tornou-se feriado nacional e é comemorada pela primeira vez em todo o Brasil. O dia marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder na resistência negra contra a escravidão no Brasil colonial.
Um bom dia para reverenciar grandes nomes de atletas pretos do esporte nacional, uma lista extensa. Desde Adhemar Ferreira da Silva, o único bicampeão olímpico do atletismo nacional, no salto triplo de Helsinque-1952 e Melbourne-1956. Gênio da raça e até hoje reverenciado no mundo todo pelas suas condições físicas, inteligência, conquistas e versatilidade que foi de ator a diplomata.
Aliás a ‘dinastia do salto triplo’ brasileiro, que deu ao País seis medalhas olímpicas, é formada por atletas pretos. O Brasil ainda teve Nelson Prudêncio e João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, que ganharam as outras quatro medalhas olímpicas e marcaram uma geração vitoriosa, que prosseguiu depois com Jadel Gregório, recordista sul-americano com 17,90 m (0.4), desde 2007.
Os negros das Américas sempre encontraram uma forma de superar as adversidades. No Brasil e no mundo também por meio do esporte e das artes. É impossível não lembrar de Pelé, o rei do futebol.
No atletismo, muitos marcaram presença pelo pionerismo. Como Melânia Luz, a primeira negra brasileira a integrar uma seleção olímpica nos Jogos de Londres-1948, como velocista. Sua participação no esporte quebrou barreiras. Aída dos Santos venceu o racismo, a pobreza, a falta de apoio e se tornou uma das maiores referências de perseverança no esporte. Foi a primeira mulher a disputar uma final olímpica – foi 4ª colocada no salto em altura nos Jogos Olímpicos de Tóquio-1964.
Conceição Geremias, 68 anos, tem a glória na conquista da medalha de ouro no heptatlo nos Jogos Pan-Americanos de Caracas-1983 (6.017 pontos, recorde sul-americano que vigorou por 25 anos). Disputou três edições dos Jogos Olímpicos: Moscou-1980, Los Angeles-1984 e Seul-1988. Parou no alto rendimento em 1993 e imediatamente passou a categoria máster. Foi campeã mundial máster nove vezes (1995, 1997, 2001, 2003, 2005, 2007, 2009, 2011 e 2013).
Até o fim de 2023 estava nas pistas, em competições da categoria máster no atletismo e jogava vôlei, mas por causa de uma doença e complicações na cirurgia sofreu uma amputação da perna esquerda abaixo do joelho. Comemora a vida tratando da saúde para voltar à rotina, o que inclui a migração para o atletismo máster.
A história de James Cleveland Owens, conhecido por Jesse Owens, marca a resistência do negro no atletismo mundial e olímpico. Foi um atleta e um líder civil norte-americano. Nos Jogos Olímpicos de Berlim-1936, na Alemanha Nazista desejosa de mostrar supremacia da raça ariana (povo alemão), Jesse Owens foi consagrado com nada menos do que quatro medalhas de ouro, nos 100 m, 200 m, no salto em distância e revezamento 4×100 m.
As Loterias Caixa são a patrocinadora máster do atletismo brasileiro.
Adicionar comentário