Vamos mexer o esqueleto

Já corri em muitos lugares diferentes: às margens do Rio Moscou, na Rússia; no campo das oliveiras, no Algarve, Portugal; no aeroporto de Miami, Estados Unidos; no longínquo bosque de Chavagnes-en-Pailleurs, na França; na floresta de Waterloo, na Bélgica; na Ilha de Hokkaido, no Japão; nos canais de Winschoten, na Holanda. Mas em um cemitério, não tinha passado pela minha cabeça, até conhecer o fotógrafo e ultramaratonista Marcos Viana, o famoso “Pingüim”, que em maio de 2011, no Parque do Trabalhador, no Tatuapé, nos convidou para conhecer o Cemitério da Vila Formosa, o maior da América Lática, com 800 mil metros quadrados. Nesse local exótico, Pingüim, realiza seus treinos para as várias maratonas que participa, sempre com sua câmera fotográfica.

Santa paz
Encontro marcado para o sábado, às 7h30, no Parque do Trabalhador. Alongamos, tomamos água e, para aquecer, Pingüim, nos mostrou dois percursos dentro do parque, de 2 quilômetros em circuito variado e outro de 1.200 metros, batizado de “Circuito do Pingüim”, todo em grama. Ele é um defensor do Meio Ambiente e um dos principais ecologistas da região. Várias praças são fiscalizadas por ele, para que seja preservado o verde.

“Se todo bairro, tivesse um parque ou uma praça, teríamos mais pessoas praticando a caminhada e a corrida”, comentou Marcos Viana.

Com esse pensamento ecológico e na paz que transmite o contato com a natureza, corremos no Cemitério da Vila Formosa. O jornalista Milton Pagano, popular Magrão, nos acompanhou nessa aventura, para muitos, sinistra.

Pé na cova
Em um certo momento do treino, no cume de uma subida, “mortos de cansaço”, eis que aparece do nada, ou saiu de dentro de uma cova, um sujeito baixinho com uma enxada levantada, prestes para nos atacar. O simpático, Pingüim, que conhece todos os coveiros do cemitério, segue na frente e chama o “senhor Afonso”, um alegre português, coveiro do cemitério há mais de 60 anos. Ele queria nos assustar – devo confessar que conseguiu. Paramos para cumprimentá-lo, ele é natural de Trás-os-Montes, terra dos meus avôs paternos.

18 Chai – Vida Longa
Na cabala, o número 18, equivale ao valor numérico da palavra “Chai”, que significa “Vivo”. Muita vida habita o Cemitério da Vila Formosa. Árvores frutíferas, gaviões, corujas, pica-pau, João de barro, sabiá, papa-capim, periquitos…
Percorremos 18 quilômetros em 2h11. Com certeza, até agora, nesses meus 59 anos de corrida, os mais emocionantes.

“Fizemos uma autêntica “Corrida Transporte” urbano, passando pelos bairros da Vila Formosa e Vila Carrão”, finalizou Marcos Viana, o Pinguim.

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente!

Happy Halloween

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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