Pierrôs e Colombinas

Foto crédito: Carol Monteiro

Foliões devem ter atenção redobrada nessa época do ano

“Um pierrô apaixonado, que vivia só cantando, por causa de uma colombina, acabou chorando, acabou chorando…”, esta marchinha “Pierrô Apaixonado”, de autoria de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres, que embala os carnavais desde 1935, simboliza bem a maior festa brasileira. Mas, o importante é sambar, sorrir e se divertir.

Cair na folia, nos salões, blocos de rua ou desfilar em uma escola de samba, é como um treino para corrida, tem que se dedicar, ir aos ensaios da escola.

Não é só a dedicação aos ensaios que o carnaval se assemelha com a corrida. A avenida do sambódromo possui 540 metros de extensão e as escolas têm no máximo 1h05min para atravessar e cada ala leva cerca de 20 minutos. Por isso, é importante se hidratar. “Na concentração, enquanto estão cantando o samba e aquecendo, os responsáveis pelas alas deixam água para os passistas se hidratarem antes de entrar”.

Uma ocorrência comum no sambódromo é o desmaio de passistas durante ou após o desfile das alas. Isto acontece devido ao calor e às roupas pesadas que não permitem a transpiração. “A fantasia não é igual à roupa de corrida, que tem troca de oxigênio com o ar. Desfilar no final de tarde ou mesmo numa noite muito quente, a pessoa começa a ferver e se não tiver bem hidratada pode ter tonturas e passar mal”.

Além disso, na hora de sambar, os 540 metros da avenida ficam maiores. “O gasto energético é de cerca de 400 calorias. Fazem-se movimentos com braços elevados e movimenta-se a perna em zigue-zague e os 540 metros se transformam praticamente em uma prova de 5.000 metros”.

Por causa do esforço físico, recomendamos aos passistas seguirem uma rotina pré-carnaval parecida com a de uma maratona, ou seja, comer carboidratos nos dias que antecedem o evento, descansar e se hidratar antes e depois da grande festa.

Depois da corrida o atleta precisa descansar e se recuperar antes de voltar aos treinamentos. Após o carnaval não é diferente. “Há uma sobrecarga dos músculos da coxa e da panturrilha, devido aos movimentos repetitivos com a ponta dos pés, como se fosse à subida de uma ladeira. No dia seguinte não dá nem para pisar no chão de tanta dor, então a recuperação leva 48 horas”. Como corredor-sambista sugiro uma imersão em banheira, para aliviar as dores nas pernas, ou nadar.

Já os foliões ociosos precisam ter o mesmo cuidado que uma pessoa que inicia os treinamentos para correr. “Tem que haver uma alimentação correta e fazer um check-up cardiovascular, pois há muito barulho e uma empolgação tão forte, que se não tiver com o coração preparado o folião pode ter problemas”.

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

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