Etiópia, tradição de grandes corredores!

Foto crédito: Fernanda Paradizo – Dawit Admasu – São Silvestre 2019

Em 1960, despontava para o mundo o etíope Abebe Bikila, um negro magro, que corria descalço e surpreendeu a todos quando venceu a Maratona dos Jogos Olímpicos de Roma, com 2h16min02s, recorde mundial na época.
O maior destaque desse país no atletismo internacional é o bicampeão olímpico dos 10.000 metros (Atlanta 96 e Sydney 2000), Haile Gebrselassie, ex-recordista mundial de pista para os 10.000 metros 26min22s75, média de 2min38s por quilômetro, estabelecido em Hengelo, Holanda, no dia 1º de junho de 1998, e para os 5.000 metros, 12min39s36, média de 2min32s por quilômetro, em Helsinque, Finlândia, doze dias depois.
Em 2002, em Doha, no Catar, registrou o recorde mundial dos 10 km em rua, com 27min02s, onde recebeu o prêmio de 1 milhão de dólares pela conquista. Esta é uma prova especial para poucos convidados que vão de jatinho particular e ficam hospedados no castelo do xeique. Gebrselassie foi recordista mundial dos 21K (58min56) estabelecido em Phoenix nos Estados Unidos, em janeiro de 2006. Também foi recordista dos 42.195 metros com 2h03min59seg, conquistados em Berlim, em setembro de 2008. Além do recorde mundial dos 20.000 metros (pista) com 56min26seg e da hora com 21.285 metros em Ostrava, República Tcheca em 2007, uma prova não convencional, esses recordes ainda estão em vigor (a ser batido).
Haile Gebrselassie nasceu no dia 18 de abril de 1973, em Assefa, ao sul da capital Adis Abeba, a 3000 metros de altitude. Filho de camponeses foi o oitavo de dez irmãos. Viveu com dificuldades. A escola ficava a nove quilômetros de sua casa, que diariamente percorria a distância correndo – descalço.
Iniciou no atletismo aos 15 anos, em 1988, vencendo uma corrida de 1500 metros. “Correr começou a significar liberdade, para mim. Liberdade do trabalho e do meu pai. Correr era um escape para a vida que levava”, declarou Haile.
Já foi um dos atletas mais bem pago do mundo. Possui uma fazenda com mais de 200 funcionários, entre eles seu pai, ajuda várias instituições de caridade, além de estimular a prática do atletismo em seu país.

Kenenisa Bekele, rei do cross-country.
O título de rei do cross-country pertencia ao queniano Paul Tegat, que foi pentacampeão. O novo rei é Kenenisa Bekele, 1m74 e 66 quilos, que desde 2001 quando ainda era Junior, venceu todas as edições do Campeonato Mundial de Cross-Country (12 vezes no total até a categoria adulto). O atleta foi descoberto por Gebreselassie. Bekele foi medalha de ouro nos 10.000 metros (27min05) nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 e medalha de prata nos 5.000 metros (13min14). Já nos Jogos Olímpicos de Pequim na China em 2008, venceu os 5.000 metros (12min57) e os 10.000 metros (27min01). No Campeonato Mundial de Berlim na Alemanha, em 2009, venceu os 5.000 metros (13min17) e os 10.000 metros (26min46). Tornando-se tetracampeão para os 10.000 metros com vitórias em Paris-Saint Denis em 2003, Helsinki na Finlândia em 2005 e Osaka no Japão em 2007. É dele os recordes mundiais para os 5.000 metros 12min37seg35 conquistado em Hengelo na Holanda em 31 de maio de 2004, nos 10.000 metros 26min17seg53 / 2’38 km, em Bruxelas no dia 26 de agosto de 2005, mesmo local que no final da Golden League, dividiu o prêmio de um milhão de dólares com a atleta russa Yelena Isinbayeva do salto com vara e a norte americana Sanya Richards dos 400 metros, pelas seis vitórias conquistadas no principal torneio do atletismo internacional.

Campeões da São Silvestre

Em 2001, Tesfaye Jifar, foi o primeiro etíope a vencer a Corrida Internacional de São Silvestre, com 44min15seg. Dez anos depois, Tariko Bekele, aos 24 anos, foi o campeão da 87ª. edição da Corrida Internacional de São Silvestre (43’35 / 2’54 km), em 2011, foi a primeira vez que correu uma prova de 15 km (rua). Tariko, é o irmão mais novo de Kenenisa Bekele. Especialista em provas de 3.000 e 5.000 metros, em 2008, foi campeão mundial indoor dos 3.000 metros (7’48”23), em Valência, na Espanha

A primeira vitória da Etiópia na São Silvestre no feminino, foi em 1994 com Derartu Tulu (51min17seg). Em 2008, foi a vez de Ymer Ayalew (51min37seg), feito que se repetiu em 2014 com 50min43seg, seu melhor resultado e em 2015 com 54min01. Em 2016 foi a quarta colocada repetindo o feito na última edição da prova (2017), foi a quarta com 51min35seg. Em segundo e terceiro lugar, mais duas atletas etíopes: Sintayehu Hailemicheal (50min55seg) e Birhane Dibaba (50min57seg)

Dawit Admasu, em 2014, aos 19 anos, sagrou-se campeão da edição de número 90 da São Silvestre com 45min04. Em 2016, foi o segundo colocado com 44min55, 9 segundos mais rápido de quando foi o vencedor.

Em uma decisão emocionante nos últimos 400 metros (Avenida Paulista) com seu compatriota Dawit Admasu, Leul Aleme, 24, vice em 2015 com 44min34seg, consagrou-se campeão com 44min53seg.

Em 2017, Dawit Admasu conquistou o bi campeonato com 44min15, seguido pelo seu compatriota Belay Bezabh.

Já são nove vitórias para os atletas da Etiópia (4 no feminino e 5 no masculino) na Corrida Internacional de São Silvestre.

Wanderlei Oliveira

Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

Adicionar comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Wanderlei Oliveira

 

Iniciou no atletismo em 1965. Já percorreu o equivalente à três voltas ao redor do planeta Terra. Técnico fundador do Clube Corpore, em 1982, e do Pão de Açúcar Club, em 1992. Desde 2000 é comentarista e blogueiro.

Categorias

O que andam falando…